quarta-feira, 3 de julho de 2013

Soneto - Afonso Lopes Vieira

«E saudades até... doutras saudades.» A. L. V.

Sobre o mar infinito debruçando
Seu cismático olhar de nostalgia,
Vê Portugal, ao fim de cada dia,
As estrelas no céu irem tombando.

Vão no Ocidente as luzes apagando
A flama bela que resplandecia:
E o olhar português, que o céu enchia,
Encheu-se de saudades, contemplando.

Dos meus olhos as fundas claridades,
Oh meu amor, vão para ti mais belas
Desta alma ocidental, flor de saudades.

Mas saudades de ti? De mim? De quem?
As saudades da altura das estrelas,
As saudades sem fim do mais além.

Afonso Lopes Vieira in Ilhas de Bruma